Hora da castanha | MurciaEconomy: O jornal econômico regional
Reprodução / DivulgaçãoO mês que começa é um dos meus favoritos. Em algumas latitudes os ventos de outono trazem consigo a queda das folhas. A chuva obriga você a tirar seu...
- Publicado: Outubro 3, 2022
- Atualizado: Outubro 3, 2022 7:39 am
- Por: Serafina
O mês que começa é um dos meus favoritos. Em algumas latitudes os ventos de outono trazem consigo a queda das folhas. A chuva obriga você a tirar seu casaco, guarda-chuva e sapatos de couro envernizado. Sim, couro envernizado é bom para água e vestidos. As cores ocre, vermelho e amarelo tingem as árvores e despertam os sentidos do “olhar felino”, que é mais intenso do que nunca. É hora de acender velas, fazer creme de abóbora, fazer bolos e pães condimentados e voltar a beber infusões aromatizadas com mel, baunilha ou anis. Mas também é hora de dar uma olhada na minha biblioteca e ler um romance histórico sobre o Londres vitoriana, em que frutas, especiarias e comidas exóticas aparecem em uma cidade em fluxo. seu protagonista, Eliza Acton, foi um pioneiro dos livros de receitas e este, que acabei de começar, dizem ser o Downton Abbey da gastronomia. Outro romance inglês, Great Expectations for diabos, está esperando há muito tempo para ser lido com grande entusiasmo. É uma bela edição ilustrada que repousa sobre minha mesa ao lado de um buquê de flores secas. Dickens é para novembro. O outono me inspira. E muito.
E se o outono motiva, o espaço em que trabalho ainda mais. Depois de um tempo afastado e coincidindo com a mudança de estação, minha mesa me recebe novamente para que eu possa continuar criando belas colunas nas quais compartilho o que gosto. Eu gosto da minha mesa, por exemplo. Nele há brindes especiais como um print da revista New Yorker com a imagem do edifício chrysler. E uma secretária que estava sempre na mesa do meu pai. E duas fotos. Um em que estou sorrindo com minha tia em Hamburgo em uma viagem onde rimos tanto quanto nos perdemos. E outra da minha mãe segurando uma mini Patrícia que tinha apenas 2 anos. Aquela foto entre palmeiras e o mar me lembra a menina feliz que eu fui. Cadernos, agendas e canetas-tinteiro completam um lugar com alma: minha escrivaninha.
O outono também tem alma. Com a chegada do mês de outubro as ruas ganham vida e a vida sai ao seu encontro. Depois da letargia do verão nas cidades, principalmente nas grandes, a agenda cultural começa, há apresentações de livros e é aí que começa a temporada de música sinfônica, ópera e balé. Os leilões de arte estão no seu melhor precisamente no outono. Exposições e desfiles de moda completam uma ampla gama de atividades para o deleite dos citadinos. Para mim já é tempo de mantas e leituras intensas com Maximiliano, que se afofa e se torna mais afetuoso do que nunca. Meu gato e eu compartilhamos a regulação térmica, estamos sempre com frio! Sua pele fica macia como seda e brilha como veludo, parece lavada com Perlán como dizia aquele anúncio da minha infância. E, como se isso não bastasse, 27 de outubro é o dia do gato preto. Maxi, outubro é nosso! No calendário eles têm outra data, 17 de agosto, que é o Black Cat Appreciation Day, o motivo é incentivar sua adoção dado o descrédito que historicamente tiveram, embora na Inglaterra sejam portadores de boa sorte. Maximiliano Ele voltou para casa aos 5 meses depois de ser deixado várias vezes em um centro veterinário. Em outras palavras, apesar de ter um nome imperial, ele não tem mais pedigree do que o que eu lhe dou porque ele é um vira-lata, séculos atrás nós dois teríamos sido queimados na fogueira por feitiçaria. Eu disse bruxaria? Hoje a única que vai ao fogo (placa de cerâmica) é a abóbora, com ela faço um creme gostoso!
Por outro lado, nestas datas de outono, os bolos de forno regressam às nossas ementas, e as castanhas! Quão deliciosos eles são quentinhos, e quão clássica é sua imagem dentro do tradicional cone de papel. E o rastro delicioso e pré-natalino que eles deixam na rua. Com eles é feita uma sobremesa bem típica da Suíça que vou citar abaixo. No país alpino, a colheita é excelente e sua coleta é típica do mês de outubro, época em que os restaurantes apresentam diversos pratos feitos com essa fruta outonal, como o doce purê chamado aletria, que faz parte das receitas da família e, portanto, sempre esteve presente em nossas vidas. Kastanienpüree ou vermicelle é feito de castanhas, leite, água, açúcar de baunilha e cacau. Ele vem na forma de macarrão junto com o clássico merengue suíço, que é duro e menos doce que os outros. O seu sabor é muito particular e, claro, não deixa ninguém indiferente. Castanhas assadas, pães, geleias e purês feitos com essa fruta anunciam que o outono chegou.
Outra pastelaria suíça muito típica é um maçapão coberto de chocolate em forma de castanha que acabou de cair da árvore. As confeitarias suíças enchem suas vitrines com folhas secas ao lado desses doces que vêm delicadamente embrulhados em laços marrons. Eichenberg em Berna é uma instituição e tanto.
O outono não é decadente. Ele não é velho. É um novo começo, quase mais do que o mês de janeiro, eu diria. Durante esses meses você se encontra com seus amigos e preenche seus dias com novas ilusões. Você volta às rotinas tão necessárias com as quais estrutura seus dias e que fazem você desfrutar do extraordinário. Bolos condimentados, enfeites com flores secas e abóboras vão invadir minha casa a partir de agora. Cogumelos e carne de caça fazem parte de uma época cheia de cor e personalidade em que até o chocolate está de volta. Depois desta escrita, a que só falta o perfume das iguarias mencionadas, só posso dizer, bem-vindo ao outono!